Criada por Brian Yorkey
Porque eu achei a segunda temporada de 13 Reasons Why bem melhor que a primeira?
Bem, a primeira temporada não me conquistou muito. Percebi diversos defeitos ali. Mas a série sabe muito bem prender o público. E essa segunda temporada não é diferente. Toda a montagem da série é muito bem elaborada. A narrativa ganhou muita força aqui, e a forma como todos os núcleos se juntam e se relacionam é extremamente eficaz. Uma temporada muito organizada. O desenvolvimento dos personagens funcionou muito melhor esse ano. Agora sim, entendemos algumas questões que estavam muitos soltas na primeira temporada (qual era a relação do Tony com a Hannah, por exemplo). Em outros casos exploraram muito mais as suas individualidades. Justin, que já era um ótimo personagem, mostrou uma evolução muito boa, nos fazendo torcer por ele. Zach também, só cresceu aos olhos do público e se tornou, pelo menos pra mim, o queridinho da série. Assim como alguns só reafirmaram sua canalhice (Marcus e Bryce, esse último elevou ao máximo a sua crueldade). Courtney meio que saiu de cena, mas com uma história que fechou seu ciclo, afinal não tinha muito ali para ser explorado, principalmente no que diz respeito a trama central. Isso se da também ao Ryan. Tyler talvez tenha tido o arco mais interessante e inesperado. Impôs uma presença timidamente forte. Junto com Jessica, Alex e Justin (e Clay, obviamente) tornaram-se os protagonistas. Aliás, vale destacar algumas atuações que melhoraram muito. Justin, Zach, Tyler e Bryce estão de parabéns. Foram eles que conseguiram tirar umas lágrimas (não é uma tarefa muito difícil) e alguns surtos de raiva de mim. Gosto muito do caminho que a série optou por seguir no segundo ano. Percebe-se nitidamente um amadurecimento de roteiro e estrutura. O foco não é mais defasado e não tenta mais unir questões sérias de fato com questões mais bobas, tudo num mesmo saco. Esse era o meu problema com a primeira temporada, juntar desde coisas pequenas como surtos de uma menina mimada como a Hannah com coisas gravíssimas como estupro. Mas também acho que aí moram os problemas dessa temporada também. Nem tudo são flores. A segunda temporada peca muito ao tentar incrementar demais alguns sub plots que de nada servem pra nada! Isso só larga muita informação pra você processar e torna a história rocambolesca demais. Eu não ligo a mínima para os novos amigos da Jessica. Eu não ligo a mínima para a relação do Tyler e uma menina aleatória. Eu não ligo a mínima pro novo namorado do Tony. Eu não ligo a mínima e não entendi até agora quem era a amiga (?) da mãe da Hannah. Tudo isso poderia ter sido esquecido e ter sido muito mais simplificado. Não acrescenta em nada. Assim como algumas soluções fáceis e que em nada casam com esse tipo de história. Cada personagem ser ameaçado, causando um suspense (muito furado por sinal) de quem estaria por trás disso, me parece uma tentativa de transformar a história numa coisa muito maior e mais “adulta”. Me lembra muito uma vibe “Malhação”. Estamos falando da realidade de adolescentes no colégio, trazendo algumas questões mais graves, porém pertinentes a essa realidade. Só que aí tentaram botar situações “policiais” e de investigação, o que destoa muito do foco principal. Outro ponto é que nessa de tentar incrementar demais, deram muito destaque a algumas tramas que simplesmente são ruins. Alex e essa situação de não lembrar o que aconteceu, e todo o processo que ele segue para recuperar a memória, é super batido e não gera interesse algum. As motivações do Tony e todo o seu background são risíveis. O próprio Clay, o protagonista, namorando com a Skye. Nunca vi tanta falta de química em um casal, e parece que os produtores perceberam isso logo de cara e abandonaram essa personagem péssima bem no início. Graças! Também senti falta da Sheri, que volta nessa temporada em alguns momentos chaves e cruciais pro andamento da coisa toda e simplesmente desaparece no final. Não entendi nada! Se dei destaque para boas atuações, acho que o inverso deve ser feito porque tem umas coisas ali que são sofríveis. Alex, Skye, Tony, Hannah e o professor Kevin simplesmente não me descem! O próprio Clay fica no meio do caminho, entre um personagem chato e uma má atuação. Isso tudo somado a alguns diálogos e opções de narração auto explicativas demais e sem necessidade e diversas situações pessimamente forçadas, única e exclusivamente a favor do andamento da história (uma cena no penúltimo capítulo é incrivelmente patética, quem chegou lá vai saber do que eu to falando), fazem com a série ainda não atinja uma possível (?!) perfeição. Acho que para um público jovem e menos exigente funcione muito melhor que pra uma galera mais madura e cri cri. E bem ou mal, esse é o público alvo né, então não é um grande problema. Quanto a temática e toda a polêmica, me encontro um pouco mais liberal nessa temporada. Acho que mostrar alguns fatos (principalmente uma das cenas finais, super pesada) explicitamente como mostram, importante sim. Isso sim gera debate. E os resultados de alguns plots e personagens não serem o que o público “ursinhos carinhosos” deseja, traz mais realidade pra coisa toda. Se a gente for assistir conto de fadas o tempo todo, não vamos nos ligar pro mundo. E essa série mostra muito bem uma realidade que vem sendo escondida, e está prestes a explodir. Logo, tem que ser escancarado mesmo. Achei bem esse approach. Enfim, textão, mas é isso aí. Melhorou muito esse ano e continua me prendendo e causando um sentimento de cansaço emocional quando termino a maratona, porque sim, impossível assistir 13 Reasons Why sem maratonar. E apesar dos inúmeros defeitos é difícil não cair nas graças dos personagem carismáticos e suas vidas (um pouco sofridas).
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