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🇺🇸 The Ballad Of Buster Scruggs (2018) 🌕🌕🌕🌗

Foto do escritor: Bruno SantiagoBruno Santiago

Dirigido por Ethan Coen e Joel Coen


Essa antologia feita pelos irmãos Coen para a Netflix não faz jus ao potencial do talento dos diretores. Isso se dá pela linguagem que optaram. Funcionaria muito melhor se fosse uma serie antológica, e cada episódio fosse um pouco maior e mais elaborado. A falta de equilíbrio entre um conto e outro causa uma certa estranheza, e por mais que o tema de todos os contos seja o mesmo - a morte - falta uma unidade. Não necessariamente deveriam ter criado algum arco narrativo que linkasse todas as histórias, mas que houvesse alguma harmonia no projeto como um todo. Falta algo nesse quesito. Alguns pecam pelo excesso e outros pela falta.


Como não consigo enxergar muito o todo aqui, vou falar de cada história separadamente.


The Ballad of Buster Scruggs

A primeira história, que dá título ao filme (não entendi porque) é sem sombra de dúvidas a melhor. O que pode ser problemático em uma antologia. Se a primeira história é a melhor, é só ladeira abaixo daí em diante. Tim Blake Nelson entrega um personagem na medida certa. Você começa achando que ele é um grande herói, de bom coração, devido a roupa branca, que destoa dos demais personagens, seu grande sorriso estampado o tempo todo, e o alto nível de simpatia que nos apresenta ao cantar suas canções. Nos primeiros minutos você já se encontra apegado a ele. Mesmo que ao longo da jornada passemos a compreender que ele não é quem pensamos ser. A sábia utilização de números musicais deixam tudo mais leve, contrastando diretamente com o gore e a violência inesperada, característica dos irmãos Coen. É tudo muito bem equilibrado. Nos diverte arrancando risadas das ótimas tiradas do protagonista e nos deixa tensos com as possíveis situações que ele se encontra ao longo dessa curta história. Near Algodones

Esse é protagonizado pelo James Franco, que não faz nada excepcional aqui, além do carão de malvado que o personagem requer. O começo é forte e promete se tornar algo no mesmo nível da primeira história. O desenrolar das situações gera os mesmos sentimentos do primeiro. Com um tom cômico e violento o filme se mantém muito bem durante todo o tempo de projeção. O problema é que acaba muito antes do que deveria. Poderiam ter transformado em um conto de infortúnios que o protagonista passa, sempre acabando da mesma maneira. A piada funciona na primeira vez, mas aí acaba. Fica aquele ar de "...mas já?". Oportunidade desperdiçada.


Meal Ticket

A história mais melancólica que traz uma ótima atuação do personagem mais novo. Sentimos muito o olhar de desolação do menino que não tem os braços nem as pernas e serve como uma atração de circo recitando poemas. O problema dessa história, diferente da anterior, é que se prolonga demais. Se torna repetitiva. É a mesma coisa o tempo todo, e que em nada move a história para a frente. Começa em um ponto e segue em linha reta até o final. Não tem uma emoção oscilante aqui e isso causa um pouco de tédio. O que economizam em Near Algodones, se excedem em Meal Ticket. E Liam Neeson faz o Liam Neeson no faroeste.


All Gold Canyon

O segundo melhor conto disparado. Tom Waits carrega essa história nas costas, pois é basicamente o único em cena o tempo todo. Essa daqui emociona, nos faz torcer para o protagonista o tempo todo, deslumbra visualmente com a fotografia mais bonita de todo o filme e ainda tem um twist no final que pega a gente de surpresa. Sem contar uma mensagem bem sutil sobre a influência do homem no meio ambiente. Completo e perfeito do jeito certo.


The Gal Who Got Rattled

Acredito que seja o maior segmento de todos. Aqui podemos traçar perfeitamente o início, o meio e o fim. Poderia ser um longa metragem. O meu problema foi apenas que o romance central aqui me deu sono. Não gerou interesse e eu só queria saber quando a tragédia iminente iria acontecer, tamanha falta de sal do "quase casal" protagonista. Quando entra na parte final e a grande virada acontece, as coisas melhoram 100% e termina em uma nota altíssima.


The Mortal Remains

Esse último conto se junta aos três que são realmente bons. Baseado única e exclusivamente em diálogos, acompanhamos cinco pessoas numa carruagem com destino misterioso. Passamos a entender quem são os personagens através das conversas que acontecem nesse pouco espaço de tempo. Os diálogos são ácidos, divertidos e muito bem interpretados pelos atores. Tem um "q" de Tarantino aqui. A fotografia irreal colorida que vai mudando em um degradê vivo conforme o sol se põe é linda e consegue nos jogar bem naquele mundinho. Quando chega o final é que entendemos bem o que estava se passando e o que aquilo representava. E isso serve como uma cerejinha do bolo.


Se formos fazer um balanço geral, o resultado final é positivo, pois temos três histórias muito bem contadas e outras três que possuem seus defeitos mas nunca são 100% ruins. As excelentes fotografias que mudam drasticamente de um conto para o outro ajudam a gerar o interesse visual necessário. Apesar do fator entretenimento se manter durante o filme, ainda acho que ganharia muito mais no formato de serie. Esperava mais, mas saí satisfeito.



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