Dirigido por Gareth Evans
Apostle é uma versão atual de The Wicker Man com pitadas de "torture porn". O diretor de The Raid e de Safe Haven, o melhor segmento de V/H/S 2, consegue introduzir a sua câmera nervosa nesse conto de horror, sem nunca parecer gratuito. O estilo ajuda a dar a sujeira necessária para a história.
A história simples de um homem que vai atrás de sua irmã desaparecida em uma ilha religiosa em 1905, começa a mostrar diversas ramificações de plots e subplots elaborados e que englobam muitos elementos do universo do horror. Com um final que foge do convencional, o filme aposta mais em uma entrega de atmosfera fantasiosa e mística e de doses pesadas de gore paupável. A maneira como ele une esses dois elementos é muito bem pensada. Não só por sua opulenta produção como também pela direção imersiva. Os movimentos de câmera seguem uma onda atual bastante inventiva, onde a câmera segue os deslocamentos dos personagens. Nas cenas de luta nós seguimos de perto os personagens caindo no chão e levantando, acompanhando seus eixos. Isso te puxa pra dentro da tensão. Temos ótimos momentos mais para o final aqui onde esse uso de técnica funciona. Com a ajuda da fotografia pálida temos um resultado final estético preciso e bem elaborado, causando desconforto e suor frio na palma da mão.
Os atores ajudam a complementar esse quadro pois se entregam de corpo e alma à insanidade instaurada naquela ilha. Muito do clima do filme se dá por isso. Toda aquela sujeira é muito crível por causa das atuações. O senso de realismo é alto ainda que existam elementos enigmaticamente esotéricos espalhados pelo filme. Existe uma sintonia muito forte entre todos os departamentos da produção.
Como nem tudo são flores, as falhas ficam por conta do roteiro que tenta demais em transformar o filme em um épico. Tem pelo menos uns 20 minutos de barriga que poderiam facilmente terem sido cortados. E esses minutos são corridos. Uma sessão inteira de Apóstolo, que nos prepara para o final, poderia não existir, dando espaço para um melhor desenvolvimento de alguns personagens que ficam de lado. O destaque mesmo vai para o jovem casal que encontra dilemas com o fanatismo religioso da comunidade. A relação deles poderia ter ficado mais evidente ao longo da primeira parte. Mas a resolução dessa história é talvez a melhor parte do filme.
Apóstolo é um bom exemplo de terror "vintage", por assim dizer. Bebe muito de obras inglesas da época da produtora Hammer e joga no liquidificador com elementos atuais (os que funcionam) de horror, dando um satisfatório resultado. Claramente percebemos que foi feito com muito carinho e bom gosto. Uma pena terem pesado na mão e deixado o filme mais longo do que deveria.
Vai assistir de novo até subir pra 4 estrelas kkkkkkkkkk