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🇺🇸 Cam (2018) 🌕🌕🌕🌗

Foto do escritor: Bruno SantiagoBruno Santiago

Dirigido por Daniel Goldhaber


Cam poderia ter sido dirigido por uma mulher e talvez captasse melhor alguns aspectos específicos femininos. Mas mesmo assim o diretor consegue trazer com muito respeito uma história que poderia ter caído facilmente em um campo ofensivo.


Alice faz shows de webcam ao vivo. Um belo dia ela percebe que foi hackeada por uma mulher que se passa por ela. Muita coisa acontece antes, durante e depois dessa breve sinopse. Mas não seria justo entregar as reviravoltas dessa história muito bem criada. A principal crítica do filme, no qual ele todo se baseia é a ferrenha caça por likes que encontramos hoje em dia. O interessante é que ele pega esse meio da pornografia online, aparentemente muito distante de nós, e traz um problema relacionável com qualquer um. É uma boa maneira de aproximar o público a um universo diferente do esperado pela grande maioria.


Além disso ele fala da dificuldade que encontramos no meio digital atual de separarmos a persona online da vida real. Ficamos tão imersos nesse mundo através da tela de um celular ou computador que esquecemos da vida lá fora. O filme discute justamente esse ponto de até onde podemos ir saudavelmente. Nos pequenos detalhes que vemos o quão Alice vive em sua própria bolha e parece não fazer questão de relacionar com gente de carne e osso.


Com muitos significados nas entrelinhas o filme também tem umas alfinetadas ácidas na questão do machismo. Ele lida com o tema em um ponto muito sensível quando joga atitudes machistas e abusivas com as ditas "mulheres que não se dão o respeito". Afinal, a protagonista é uma camgirl. Não merece esse respeito. Só que não. Ao invés de construir uma protagonista suscetível a isso ele mostra uma mulher forte e determinada por trás da sua carreira online. Janine representa o feminismo em seu auge e ensina ao público como diferenciar a pessoa da sua profissão e os limites do que é normal ou aceitável vindo de um homem para uma mulher. Explica isso com bastante didatismo entregando personagens masculinos fortemente caricatos, expondo e botando o dedo na ferida desses ""cidadãos de bem"". Um roteiro muito inteligente.


Além de todas essas ricas críticas, Cam vem com um twist no seu ato final que pega muita gente de surpresa e poderia facilmente se enquadrar como um episódio de Black Mirror. O mais legal é que também sobram comentários a respeito da evolução desenfreada da tecnologia e alguns (específicos) malefícios que ela traz. Não vou falar qual o ponto para não estragar a diversão. Mas ele pega uma determinada vertente tecnológica, que é atual e está acontecendo hoje em dia, e claramente a amplia, a fim de criar uma narrativa fantástica que não foge muito de um possível futuro. "Isso é tão Black Mirror!". Sem contar a interpretação final que vai muito além do mastigadinho que aparenta ser.


Cam é um filme que chegou sem fazer barulho nenhum, desapercebido, e provavelmente vai se manter assim na Netflix, mas que vale muito a pena para quem gosta de um belo suspense com toques de ficção. E ainda nos brinda com uma interpretação excelente da atriz Madeline Brewer, a Janine de Handmaid's Tale.





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