Dirigido por Alfonso Cuarón
Cuarón foi responsável pelo melhor filme da saga Harry Potter, pelo excelente Y Tu Mama También e o incrível Gravity! Ele é um excelente diretor? É. Ponto final. Faz parte da “santa trindade mexicana” atual, junto do Guillermo Del Toro e Alejandro G. Iñarritu. Todos premiados no Oscar. Filhos da Esperança mostra que o cara tem uma assinatura forte e entrega um filme chocante, em diversos sentidos. Primeiro que toda a produção é absurda. Riquíssimo nos detalhes, o universo que ele criou aqui é paupável e de dar inveja a qualquer filme de guerra/pós apocalipse que tem por ai. Daí você pega isso e mostra através de diversos planos sequências que são simplesmente geniais. Em toda sua filmografia o cara mostra um domínio preciso desse tipo de direção. Ele sabe quando usar e como usar. Eu sou pela saco de plano sequência então fiquei babando durante o filme todo. Nesse caso, todos esses momentos ampliam em 100% a tensão que as cenas propõe, e nas mãos de qualquer outro diretor seria mais do mesmo. É realmente um visionário. E toda essa maestria que ele encontra pra trabalhar essas cenas chaves abraçam o tema do filme e casam fluidamente com a história. A discussão que o filme gera, realmente é muito boa, e talvez até mais atual agora do que quando o filme foi feito, em 2006. As jaulas com imigrantes e a hostilidade do ser humano, uns com os outros. A selvageria e regressão humana e social. Tudo isso a gente tem visto cada vez mais, só que não no cinema, mas na vida real mesmo. O filme reflete bem o que estamos passando e onde podemos chegar. Assusta. Podemos dizer que é um filme à frente do seu tempo. O roteiro é competente só que é nele que os problemas do filme se encontram. Alguns furinhos aqui e outros ali e o fato de seguir uma determinada cartilha desse tipo de filme, mostrando a “jornada do herói” de um jeito bem didático e não muito inovador, deixam Filhos da Esperança sem um peso narrativo com personalidade. Se a gente tirasse a direção criativa do Alfonso Cuarón, realmente o filme não chamaria tanta atenção como chama. Ainda mais que as atuações são boas, apenas. Então toda a força do filme se encontra, necessariamente, na direção. O que fica no final, na nossa memória, são muitas cenas impecavelmente orquestradas, alguns ótimos personagens, uma ou outra surpresa na história e um assunto que não temos como fugir atualmente. Um filmaço de diretor! Que venha Roma, o novo filme do diretor!
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