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🇪🇸 Dolor y Gloria (2019) 🌕🌕🌕🌕🌗

Foto do escritor: Bruno SantiagoBruno Santiago

Dirigido por Pedro Almodóvar


O novo filme do Almodóvar prova que ele ainda possui total sintonia com a sua linha de trabalho sem perder a qualidade. É principalmente um filme que gera reflexão, e não do tipo pretensiosa, mas sim um retrospecto fácil e agradável que a gente faz com um sorriso no rosto.


A história é bem simples e mostra um diretor de cinema mais velho que busca algum tipo de auto conhecimento através de memórias chaves do seu passado, a fim de voltar a uma vida ativa e feliz. A famosa crise da meia idade. Só que um pouco mais incrementada do que possa parecer. E isso é contado e mostrado para a gente de um jeitinho bem único e específico. Fica difícil acreditar que não é um filme auto biográfico, tamanha propriedade com a que ele conta essa história.


Não só pela visão cirúrgica sobre os personagens mas também pela riqueza de pequenos detalhes e personalidades de cada um que passa pela jornada do protagonista. Antonio Banderas dá um show de introspecção e veracidade na sua atuação. Estamos diante de uma pessoa de fato. Não vemos o ator, vemos o personagem. Não tanto pelo estilo de atuação, que foge do naturalista e entrega algo quase que novelesco, típico do cinema do Almodóvar. Mas sim pela entrega e os maneirismos perfeitamente captados pelo ator. Aliás todo o elenco realmente brilha. Só senti falta de um gostinho a mais da Penélope Cruz, que é uma ótima atriz mas não faz muita coisa aqui.


A maneira como o roteiro se conecta também chega a ser algo como que manufaturada. Existe um cuidado muito grande em fazer pequenos links dos fatos que são apresentados. Ainda que sintamos falta de um propósito maior para um determinado plot, é impossível não se emocionar e ficar com o coração batendo forte com um determinado reencontro. Engraçado ainda que isso pode te preparar para um segundo reencontro, que talvez seja o mais desejado pelo público. E ai acontece a quebra de expectativa, só que feita de um jeito muito espertinho pois o diretor nos brinda com uma outra piscadinha a la "quebra de quarta parede" que vai agradar aos fãs de cinema. Ele tira daqui para te dar dali.


A direção dispensa apresentações se você já é familiarizado com a filmografia de Almodóvar. Mas todas as suas principais características estão nesse filme. O tom de drama mexicano, as cores vibrantes que dizem muito e ajudam na narrativa e as cenas eróticas que surtem muito mais do que um desejo carnal e conseguem te pegar na emoção servindo como climax do filme. Tudo esta aqui.


Dolor Y Gloria pode criar questões durante a sua projeção sobre qual o propósito do filme (apesar de eu não ser do partido de que necessariamente todos os filme tenham que ter um propósito maior que não sentir algo), mas na cena final a gente consegue captar qual foi a idéia. Com umas opções artísticas que não me agradam muito pois parecem perdidas no meio do filme (falo da cena que entram grafismos do corpo humano e uma narração em off do protagonista explicando os problemas que ele possui de saúde), esse é um ótimo filme que nos faz contemplar, lembrar e, porque não, repensar a vida após a sessão. Como quando um amigo que é um ótimo contador de história te conta algo que se relaciona com você diretamente.



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