Dirigido por Wes Anderson
Aquele momento vergoinha: meu primeiro filme do Wes Anderson! Sempre tive uma leve preguiça de assistir as coisas dele. Mas esse me cativou o suficiente para quebrar essa barreira. Então falo aqui como um leigo. Tecnicamente o filme é incrível. A começar pela direção de arte que é um desbunde. Não só toda a produção como a técnica de stop-motion, super on point aqui. A textura da animação é muito gostosa e acolhedora, muito também por causa da palheta de cores e da estética japonesa presente. Nesse quesito o filme é nota 10. Assim como a direção, muito regrada e até mesmo robótica (tenho a impressão de que todos os filmes dele são assim, me corrijam se estiver errado). E isso não é ruim. Acredito que seja uma assinatura que serve a favor do produto/resultado final. É tudo bastante ensaiado (engraçado pensar dessa forma quando falamos de uma animação) e simétrico, não só, obviamente, na fotografia, como na forma que o roteiro é construído. A montagem é muito inteligente e madura para um filme do tipo. Mas esse lado robótico também vem forte no conteúdo do roteiro, e aí que estão meus pequenos problemas. Enxergo a relação entre as diversas possíveis críticas que o filme traz, por exemplo, à um regime ditatorial e/ou ao racismo, com a maneira que os personagens se relacionam, sem nenhum tipo de emoção, trazendo a dureza e falta de “carinho” presente nessa realidade. Mas ao mesmo tempo sinto falta de uma conexão emocional do público com a história, por causa dessa rispidez toda. Até quando vemos os olhos dos personagens cheios de lágrimas e momentos potencialmente emocionantes, é tudo muito curto e grosso. A trilha sonora (excelente por sinal), não muda nessas horas e ajuda ainda mais a criar uma certa tensão e rispidez, ainda que em sintonia com a realidade em que eles vivem, em um momento que poderia ser mais puro, sincero e bonito, e que causaria um contraste e até um alívio emocional para quem assiste. Dá pra ver que Wes Anderson tinha essa possibilidade nas mãos quando coloca uma música lindinha demais e super tocante em uma montagem de passagem de tempo. Essa música poderia facilmente entrar nesses momentos chaves. O apelo seria maior e eu estaria bem mais investido naquela história do menino Atari, personagem o qual não tive qualquer tipo de empatia, por mais que eu quisesse ter. Mas acho que esse foi o único problema mesmo. As vozes dos atores estão excelentes e passam personalidade para todos os personagens. As piadas funcionam, o humor adulto e quase britânico é muito bom. E a história em si é bastante criativa. Vale a pena ver no cinemas, mas ainda não me sinto 100% investido no cinema do Wes. Quem sabe no próximo filme eu entre mais de cabeça? Me digam ai qual o próximo filme dele que eu deveria ver.
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