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🇺🇸 Pet Sematary (2019) 🌕🌕🌕

Foto do escritor: Bruno SantiagoBruno Santiago


O novo Cemitério Maldito tinha absolutamente tudo para dar certo. Um ótimo elenco e ótimos diretores. É a mesma dupla do ótimo terror independente, Starry Eyes, de 2014. E ainda usa como base um livro do Stephen King. Mas ficou parecendo que o estúdio tomou conta de mais uma produção e quis transformar em "mais um filme genérico de terror". Que preguiça!


O filme original nunca foi um marco na história do cinema, mas cumpre seu papel direitinho. Se o protagonista fosse um pouco melhor talvez teríamos um filme mais chamativo. Mas apesar da canastrice dos atores e do roteiro pendendo pro lado "b" da força, o filme possuía ótimas cenas e alguns momentos memoráveis. E tinha a Zelda, que por si só deixava o filme assustador demais.


Nessa nova versão, apesar do gore chamativo e uma maquiagem bastante eficaz nos momentos chaves, o filme nos dá a sensação que ficou corrido demais. O desenvolvimento dos personagens é picotado e não apresenta uma fluidez muito crível. Nunca conseguimos sentir o protagonista entrando aos poucos no descontrole. A atuação de Jason Clarke é ótima, mas o direcionamento que deram para ele é apático. Em pelo menos três cenas mais para o final do filme, ele deveria ter se soltado bem mais. Acaba que parece estar sem muita vontade de estar ali. Assim como os diretores, que inegavelmente possuem talento e sabem construir clima de forma eficaz. O filme consegue te deixar tenso sim. A atmosfera de suspense está ali. O problema é que todos os outro quesitos são apenas pincelados e nunca aprofundados. Uma pena pois os personagens dessa história são extremamente ricos.


A personagem da esposa Rachel, interpretada pela excelente Amy Seimetz (a melhor atuação do filme), possui muitas camadas e poderia adicionar muito para a história. Seu passado com sua irmã doente, Zelda, é arrepiante, e as cenas isoladas nessa versão até que funcionam. Mas param aí. Parece não interferir em nada mais. Jogaram os flashbacks "só porque tem que ter a Zelda". Assim como o personagem do vizinho, Jud. John Lightgow como sempre transborda talento, mas nunca fica claro a relação dele com a família, especialmente com a filha do casal, Ellie. Quando ele solta a frase "ela foi a única que tocou meu coração, e isso não acontecia há muito tempo", só nos resta rir pois isso nunca foi mostrado.


As mudanças na história foram boas e acho até que deram um gostinho a mais para o remake, e um "q" de criatividade, mas ainda assim não souberam costurar tudo. A grande cena da virada do filme foi muito bem dirigida e atuada. Se não fosse pelo spoiler do trailer e do próprio cartaz, funcionaria bem mais. Porque fazem isso meu deus?! Também acrescentaram uma procissão de crianças usando máscaras, logo no início, sem nenhum propósito. Elas não aparecem de novo. Não tem o menor sentido para aquilo estar ali. O fantasma do paciente morto do médico protagonista parece estar perdido no filme. No original, mesmo que destoe do clima terror e acabe virando um personagem cômico, pelo menos tinha algum propósito. Aqui só serve para dar um susto aqui e outro ali. O filme deveria ter tido mais alguns minutos, menos diálogos expositivos (em 2019, colocar um livro na história, do nada, que explica toda a trama mastigadinha, é de uma preguiça absurda) e uma exploração melhor de personagens e suas relações. Se não gastasse tanto tempo tocando na mesma tecla a fim de deixar bem claro o que esta acontecendo, quando nós já estamos vendo tudo, talvez quando o terror começa de verdade no terceiro ato, o filme tivesse mais força.


Não é horrível. Nem acredito ser perda de tempo. Mas poderia ter sido bem mais. Essa higienização do terror para os cinemas, seguindo os moldes jump scares e histórias vazias deveriam ser proibidas quando utilizam um material fonte tão rico como a história de Stephen King. Não foi dessa vez, uma pena.




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