Dirigido por Jean-Marc Vallée
Da mesma galera envolvida em Big Little Lies, vem essa serie pra subir um pouco mais o nível desses artistas envolvidos, e da HBO, é claro, que sempre apresenta as melhores series. To atrasado porque já acabou tem meses, mas ainda assim vale comentar. Acompanho o trabalho do Jean-Marc Vallée tem um bom tempo e consigo perceber que ele sempre teve uma assinatura forte. E a cada filme (e serie) que ele produz e dirige dá para notar a evolução da sua técnica. Em Sharp Objects ele atinge, talvez seu nível máximo. A opção de colocar cenas picotadas e mini flashes mesclando passado, presente e futuro, são extremamente bem posicionadas na montagem perfeita da trama. Essa talvez seja a sua obra em que ele mais explora isso. Quase todas as cenas trabalham isso. Só que nunca causa exaustão. Nada parece gratuito. Pelo contrário, ajuda muito na forma que ele propõe de contar a história. Todo o suspense ganha muito com esse tipo de edição. Além de nada ser mastigadinho, nem mesmo o final. Ele tem a mão perfeita para não chamar o público de burro. Além é claro da outra mão (ótima por sinal, surpreendentemente) que ele possui para alguns momentos de terror. Queria muito ver Jean-Marc Vallée se aventurando no gênero algum dia. As opções de trilha sonora também vem em total sincronia com tudo e dão um estilo a mais para a produção. Essa é outra marca do diretor. Todas as suas obras tem a forte presença da música, as vezes combinando perfeitamente com o momento e as vezes fazendo um contraste pertinente. E sempre, também, introduzidas na história em si, e não só como valor estético. Os atores são outro show a parte. Amy Adams arrasa no papel principal. Era de se esperar. Patricia Clarkson rouba a cena toda vez que aparece. Essa atriz merecia MUITO mais atenção do que recebe. E Eliza Scanlen, que faz a irmã mais nova, está muito bem e conquista um lugar promissor na nova geração. Aposto em indicações ao Emmy ano que vem. Como aconteceu em Big Little Lies. Além das “side stories” e das subtramas, a serie tem como tema principal a depressão. E fala disso com muita sensibilidade e de forma muito humana. A gente sente a dor da protagonista e enxergamos nitidamente como isso afeta aos que a cercam. Tanto de forma influenciadora como de forma protetora. É muito bonito ver esse trabalho tão cuidadoso e ainda assim tão instigante no que diz respeito ao suspense. O pano de fundo de crimes e a tentativa de descobrirmos quem é o assassino é muito bem desenvolvido. O final é simplesmente perfeito. A cena final fica na cabeça, de forma arrepiante. Assim como ao longo de todos os 8 episódios, temos cenas que não saem da memória muito fácil. Uma em especial que exercita todo o estilo do cara com a minha música preferida da vida (Can’t Take My Eyes Of You). Música essa que na teoria nada teria a ver com a cena em que as personagens entram na onda de uma bala muito louca e saem um pouco da realidade pesada em que vivem. Enfim, esperava ser boa mas não tão boa assim. Entrou para meu top 10 de series já. E ao que tudo indica é uma mini serie, a história acabou. Então pra quem não tem tanta paciência de acompanhar, vale assistir. Incrível!
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