Dirigido por Alex Garland
O filme terminou e eu tive a sensação de ter compreendido absolutamente tudo. Uma hora depois, refletindo sobre todas as questões menos óbvias do filme percebi que tinha muito mais nas entrelinhas do que é mostrado. Tá longe de ser um filme simples, como parece em alguns momentos. Se fosse pra fazer um comparação bem porca, imagina o David Cronenberg dirigindo uma mistura de Arrival com Invasion of The Body Snatchers (todas as versões juntas) e pitadas de Jurassic Park, Alice no País das Maravilhas e O Mágico de OZ. Daria nisso aqui. Alex Garland roteirizou 28 Days Later (um dos melhores filmes de horror dos anos 2000), Sunshine, The Beach e Ex-Machina, o qual ele também dirige. Não precisa nem falar muito mais sobre o quão bom ele consegue ser. Danny Boyle ( <3 ) criou um monstro no melhor dos sentidos!
Aqui ele usa de metáforas, analogias, duplo sentidos e significados para, não só a história em si, mas a maneira como ele conta essa história. O mote principal do filme é autodestruição. Um diálogo específico, em especial duas frases, entre as duas principais mulheres do filme, ajuda à uma compreensão quase completa do que acontece no final “misterioso” e confuso. Aliás, a cena final é de uma proeza. A trilha sonora muda completamente, acompanhando a noção de mutação do tal organismo cancerígeno que invade (?) a terra. E acompanhamos por uns 5 minutos quase que um balé soturno que consegue arrepiar. O filme tem uma vibe niilista das boas. E como eu AMO isso. Abre a nossa cabeça, deixa a gente pensar, refletir, tirar as próprias conclusões. Arte taí pra isso né. São tantas camadas de interpretação para cada situação do filme que a nossa cabeça chega perto de explodir. Natalie Portman, Oscar Isaac e Jennifer Jason Leigh dão um pequeno show, levemente contido. O design de produção talvez seja o grande destaque aqui. É tudo muito maravilhosamente elaborado. O conceito de reflexão/mutação é perfeitamente materializado! Enfim, um filmão que faz jus à filmografia do Alex Garland. Fiquemos atentos para os seus próximos projetos. Eu já to ansiosíssimo, inclusive para uma possível continuação (o livro no qual é baseado é uma trilogia). E claro, um filme que nos minutos iniciais faz uma menção/homenagem honrosa à The Shining, merece todo amor do mundo.
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