🇺🇸 Bohemian Rhapsody (2018) 🌕🌕🌕🌗

Dirigido por Bryan Singer

Esse filme teve problemas durante a produção, pois o diretor Bryan Singer saiu antes de finalizar as filmagens devido as acusações de assédio sexual. Daí um outro cara tomou conta da direção e finalizou, mas os créditos foram para o Singer mesmo. Quando esse tipo de coisa acontece a gente já sabe que pode dar problema.

Outro fato que talvez tenha moldado todos os problemas que Bohemian Rhapsody tem é que os membros da banda Queen participaram ativamente da produção do filme. Fica claro aqui que é um filme sobre Freddie Mercury e a banda Queen feito para a família. Não queriam chocar nem mostrar com mais ênfase tudo que de fato rolou. Existem passagens em que vemos Freddie Mercury se metendo com drogas e um possível submundo de sexo e tudo mais. Mas isso é uma pincelada. O foco foi enaltecer a banda (até demais) o tempo todo. Parece que o filme é uma história contada pelos seus integrantes quando você se sentou numa mesa de bar com eles em um momento de memórias de como criaram algumas músicas. É tudo muito divertido e leve. Claro que não dava pra fazer um filme só com felicidade e alegria então eles jogam uns probleminhas aqui e outros ali, umas divergências entre os membros da banda e pronto. Tudo se resolve rapidamente num passe de mágica que acaba gerando a idéia pra um novo hit. A base estrutural do roteiro são as inspirações das músicas chaves na carreira da banda. Simples assim.

Mas sinceramente acho que único problema do filme é realmente esse. Essa falta de detalhamento e visceralidade da história. Pois em todo o resto eles acertam com precisão. A direção é extremamente estilosa e descolada, com alguns inserts de letterings que dão dinamicidade pro filme e tornam tudo mais, visualmente, interessante. Existiu sim um projeto narrativo para esse filme e eles cumpriram 100% o que prometeram. Não dá para fechar os olhos para isso. Além é claro da performance memorável de Rami Malek como Freeddie Mercury. Ele some no papel e só conseguimos ver Mercury, principalmente da metade para o final quando ele adquire o look que deixou sua marca. Rami encontrou a forma perfeita de combinar os maneirismos do cantor e entregou um personagem complicadíssimo de ser feito. Como não cair no caricato ao interpretar uma pessoa que era de fato caricata? É um conceito louco de entender mas ele conseguiu. Mostrou que é um ator multifacetado e merece muito reconhecimento por isso. Indicação pra ontem, por favor!

O que faz o filme brilhar, além de Malek, são as músicas. É Queen né. Suas músicas eram algo mágico e animam qualquer pessoa que sente para assistir esse filme. Não tem como sair da sessão sem ter gostado do que viu, apesar dos defeitos técnicos. Fica até difícil analisar com mais frieza alguns aspectos negativos do filme quando você é sugado para o universo da banda e todas as suas performances memoráveis. Todas as cenas de shows são excelentes e a última parte do filme, uma recriação do show mais famoso da banda no Live Aid, é algo que ficamos sem palavras. Emociona, deixa o coração acelerado e faz a gente suar de empolgação. Essa parte do filme por si só deveria levar um prêmio. Que momento! Quando entrou Radio Gaga, minha música preferida da banda, lágrimas vieram aos olhos com essa homenagem.

Muitos dizem que o que funciona no filme são Rami Malek imitando Freddie Mercury e as recriações das músicas e das performances reais. Logo, não precisávamos do filme, poderíamos ficar apenas com vídeos da Youtube reais da banda. Tem sentido. Mas ainda assim o trabalho que construíram para montar essa celebração também é super válido, enche os olhos e anima.

Bohemian Rhapsody poderia ser incrível em todos os sentidos mas o clima higienizado demais faz com seja apenas um filme empolgante e que beira um "guilty pleasure" que teremos pro resto da vida.