Dirigido por Olivia Wilde
Booksmart é o equivalente a Superbad, só que feminino. Feminino em termos de produção, já que é protagonizado, dirigido e escrito por mulheres. Mas é para todos os gêneros. Assim como Superbad.
Típica comédia adolescente que se passa no último dia antes da formatura, onde duas adolescentes nerds resolvem "perder a linha" e aproveitar a noite como nunca antes aproveitaram. A premissa simples pode afastar os mais céticos, mas o filme funciona brilhantemente. É hilário do começo ao fim, com algumas poucas piadas que não dão liga. A dupla principal possui um timing cômico excelente e convencem muito bem como duas meninas sem muitas "sagacidades sociais". Aliás todos os personagens e respectivos atores estão ótimos aqui. Jovens atores que entenderam seus papéis e vão além da plasticidade adolescente que existe em peso no audiovisual hoje em dia. Os personagens periféricos mais velhos são os mais sem graça, o que é curioso pois são os atores veteranos de comédia. Mas as piadas não funcionam tão bem quando eles estão em cena. Seriam as cenas descartáveis.
Mas talvez o grande trunfo do filme é que ainda que sigam os estereótipos óbvios e clichês, todos os personagens possuem muito mais profundidade e conseguem desvirtuar o próprio clichê. E as suas relações também refletem muito sobre o mundo atual. Filmes adolescentes da década passada mesmo ainda mantinham os nichos muito bem divididos e que não se misturavam por nada. Hoje, com todos os temas como feminismo, racismo e a pauta LGBTQI+, há uma maior integração dos grupos no colégio e a noção de tribos vem se desmistificando. Aqui todos, no mínimo, se dão bem. O bullying é muito mais brando. A vontade que fica é que a nossa turma na época do segundo ano fosse exatamente assim. Com pessoas completamente diferentes mas que se respeitam e se relacionam, independente de qualquer coisa. Não sei se foi criado um mundo distópico em Booksmart, mas me parece que segue a risca uma tendência que demorou mas está numa crescente necessária.
A trilha sonora junto com a edição ajuda a construir o estilo que o filme atinge. Nada parece gratuito (exceto por uma cena surreal com bonecas, que é interessante visualmente mas esta longe de ser a parte mais engraçada). É uma direção simples mas eficaz, e que mostra uma determinada presença e assinatura em alguns planos e movimentos de câmera. Olivia Wilde sem duvida é alguém a se atentar no futuro.
O que poderia ser um filme teen bobo que passaria batido acabou sendo uma deliciosa diversão que arranca gargalhadas e algumas lágrimas por que, né, todo mundo passou pelo colégio e sabe como é. Uma delícia de filme que assistiria diversas vezes. Não deixem esse filme passar desapercebido.
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