Dirigido por David F. Sandberg
Ao que se propõe, Shazam! pode até ser considerado um filme perfeito, mas não chega a tanto quando colocamos um olhar mais crítico sobre o filme.
A história é contada de maneira super leve e agradável ao público. É um filme fácil, seguindo bem a cartilha da Sessão da Tarde. Só que ele consegue ir um pouco além e apresenta alguns elementos mais profundos sobre dramas pessoais. Toda a questão do menino órfão e como ele lida com isso, sempre em busca da sua mãe biológica, consegue emocionar em momentos chaves até o encontro inevitável. Muito disse se dá pela inspirada atuação do jovem ator Asher Angel. Ele consegue ser cômico sem cair para o caricato e mostrar suas armas dramáticas sem apelar muito.
Alias, todo o elenco foi muito bem escalado, com destaque para o trio principal, formado por Asher, Zachary Levi e Jack Dylan Grazer. Levi foi feito para o papel e parece entender exatamente o que o personagem precisa. O timing cômico é super preciso e nunca soa bobo, apesar do texto trazer isso volta e meia. Mas como o clima todo do filme segue um ar saudosista, que casa muito bem com a história, a leveza é algo que acaba acrescentando ao invés de tirar a força do roteiro. Já Jack Dylan Grazer é uma das melhores descobertas de Hollywood dos últimos anos. O ator mirim (não tão mais mirim) brilhou em It e agora faz algo completamente diferente em Shazam!. Hilário o define. Ficaremos atentos aos seus próximos trabalhos.
O filme é muito bem balanceado com um extremo mostrando toda a ternura da relação da família adotiva do protagonista e o outro explorando, ainda que pouco, a crueldade do vilão, que pasmem, tem boas e claras motivações. Não é o cara que quer fazer o mal por pura ganância. Existe um trauma, um passado. DC finalmente criou um vilão com camadas (além é claro do eterno Coringa). A cena que se passa numa sala de reuniões com a presença do excelente CGI dos demônios que habitam o corpo do antagonista é arrepiante e nos faz questionar se o filme deveria ter um a censura maior.
O final é surpreendente e pega a gente desprevenido com uma virada na história que não esperaríamos. E é o momento exato em que nos sentimos como crianças no cinema tamanha a animação que isso causa, ainda que os momentos de ação que culminam nesse twist não sejam dos mais inspirados. O conceito encanta mais.
Um filme delicioso de se assistir, e na minha opinião, é o que todo filme de super-herói, que segue esse tipo de narrativa deveria ser. Leve, agradável e divertido. É a fórmula Marvel que costuma dar certo. Acho que finalmente pegaram o tom. A inspiração em Thor: Ragnarok e Deadpool é evidente e Shazam! consegue criar um caminho novo entre os dois. Espero que consiga manter a DC nos trilhos finalmente.
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