Dirigido por Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt
Esse filme português foi uma bela surpresa. Sabia bem pouco ao entrar na sessão e me surpreendi. Quem já assistiu Kaboom do Greg Araki vai entender a comparação. É um filme com um valor “kitsch” absurdo. Efeitos aparentemente toscos mas que fazem parte do universo criado. Talvez pela falta de verba para fazer um CGI mais crível, eles optaram por abraçar o cinema raiz e transformar o que seria ruim em um produto, e porque não, em arte. As viagens que o protagonista, um jogador de futebol, muito bem retrato e interpretado por sinal (quem não lembrar de Cristiano Ronaldo está mentindo) com cães gigantes e uma nuvem de poeira cósmica brilhante invadindo o campo em suas partidas de futebol são como quadros surrealistas. É esse nível de loucura! O roteiro também é uma viagem só. Uma história sem pé nem cabeça, com personagens caricatos saídos de um conto de fadas adulto com tons lisérgicos. Como não se divertir com isso? Tem cenas que arrancam gargalhadas.
Os diretores pegam um tema atual na Europa e fazem uma crítica com um humor inocente e fácil. A saída do Reino Unido da União Européia inspirou esse trabalho para criar uma história fantástica em cima de um posicionamento controverso. Eles insinuam uma lavagem cerebral em uma população que vive de pão e circo, o circo sendo o futebol nesse caso (link fácil com Brasil não é mesmo). Me lembrou até mesmo a forma como John Carpenter passou a mensagem de manipulação de massa em They Live. Só que ao invés do terror, ficção e ação tipicamente americano a gente tem uma comédia portuguesa leve e engraçadíssima.
Uma descontraída forma de abordar um assunto sério e político. E só de colocar uma parte da trilha instrumental de The Shining em determinada cena, já valeu o ingresso. Uma mistureba alucinante que deu muito certo.
Comments