Dirigido por Damien Chazelle
Mais um da serie: “não estava empolgado para ver mas só vou assistir porque é um dos grandes filmes do ano”. Assim como Nasce Uma Estrela, minha vontade de ver esse filme, a julgar pelo trailer e pela história, era quase zero. Não é meu tipo mesmo. Mas a surpresa aqui foi muito maior do que o filme da Lady Gaga. MUITO maior. Eu entendo que são filmes diferentes e fica difícil compará-los, só que O Primeiro homem faz uma coisa que Nasce Uma Estrela não faz. Ambos pegam uma história que pode ser contada de forma clichê, óbvia e que não traz nada novo pra jogo. Um, uma história de amor, e outro, a biografia do primeiro homem que pisou na lua. Bradley Cooper, talvez por ser seu primeiro filme, não soube botar um carimbo de originalidade no seu filme. Já Damien Chazelle, com um excelente currículo diga-se de passagem, faz isso com a maior facilidade do mundo. O filme mostra toda a jornada de Neil Armstrong de forma quase documental. A câmera na mão quase sempre ajuda muito ao espectador entrar naquela história. Você se sente presente em todas as cenas, não tanto como um personagem mas muito como pelas lentes de um paparazzi. Alguns zooms desordenados e tremidos ajudam a te passar essa sensação. Só aí o filme já te conquista. Além disso toda a fotografia granulada, lindíssima por sinal, te transporta para os anos 60. A câmera subjetiva nas cenas de dentro dos foguetes causam uma sensação de claustrofobia incrível e aterradora. Ele foca nos detalhes ao logo de todo o filme. Você sabe de tudo que tem ali. Os planos fechados nos atores também ajudam a sugar toda a emoção presente em suas interpretações. A tensão entre o casal principal e todos os dilemas que passam pela cabeça de Neil são muito bem retratados. Com um grande trauma em sua vida, Neil se encontra em uma posição de incertezas e medos que parecem legítimos. Umas das cenas finais, catártica que só, te leva junto nessa alívio e te faz soltar o ar que vinha preso desde o início do filme. A briga pelo Oscar de melhor ator entre Bradley Cooper e Ryan Gosling vai ser forte. Ryan arrasa demais com o seu tipo de atuação introspectiva. Novamente ele traz a vibe de poucas palavras aqui, mas a sua aparente apatia diz muito. Não sei como, mas o que ele faz com um olhar perdido é algo fora do mundo. Você sabe direitinho o que ele está pensando e sentindo. Depois vem me dizer que Kristen Stewart atua de forma introspectiva? Pelo amor de deus, gente. O outro grande trunfo é a trilha sonora. Os dois primeiros filmes de Damien Chazelle tem a presença da música muito forte. Tanto Whiplash quanto La La Land se baseiam basicamente nisso para alcançarem o sucesso. Aqui a música em si nada tem a ver com a história. Mas a trilha instrumental que acompanha o filme é arrepiantemente emocionante. Te empolga quando tem que empolgar e te emociona quando tem que te emocionar. Talvez já seja meu preferido de trilha sonora para temporada de premiações. O Primeiro Homem é o filme que eu não esperava ser tão bom do ano. Todo ano passo por isso e acho que essa vaga já está tomada em 2018. Entre esse e A Star Is Born, já tenho meu preferido. E olha que nunca fui de babar o ovo de La La Land. Ainda não superou Whiplash mas chegou perto. Um filmão que merece ser visto nos cinemas.
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