Dirigido por Paul Schrader
First Reformed é escrito e dirigido pelo roteirista de Taxi Driver. Os olhos já brilham só aí. E também tido por muitos como um dos melhores do ano de 2018, as expectativas estavam altas. Sendo direto ao assunto, o filme me pareceu tedioso. Tentei lutar contra isso, não só durante, mas após a sessão também, para dar um veredito final justo.
O início constrói muito bem a personalidade de cada pessoa e as suas relações. Não tem o que reclamar dessa parte. Tá tudo ali. Um roteiro muito bem escrito até então. Uma direção extremamente paciente e econômica. Com planos sem muito movimento, sempre colocando o protagonista em posições estratégicas para se encontrar de frente com a história em si. Isso sim é uma direção que vai totalmente em função do roteiro. Ethan Hawke dá um show e merecia demais uma indicação, mas não foi dessa vez. Pelo menos a indicação a melhor roteiro original saiu. Merecido (?).
O problema maior que tenho com First Reformed é o seu recheio. O segundo (e longo) ato. A fim de desenvolver tudo que construiu no começo, Paul Schrader não consegue deixar o desenrolar da coisa intrigante o suficiente. Parece que ele não consegue sair do lugar. Mesmo que o protagonista vá encontrando respostas (e perguntas) e entre fluidamente em seu arco narrativo para um final um tanto quanto impactante, esse processo soa um pouco confuso. São vários momentos em que ele vai de uma conversa a outra que no fim das contas, não acrescentam muito. Tudo já foi dito. Falta recurso. A história é menor do que o filme. Com 1h53 de duração, No Coração da Escuridão (título nacional) se beneficiaria demais se tivesse algo em torno de 1h30. O clima e o tom do filme já entregam muito bem a relação do público com o personagem central. Não seria um problema tão grande resumir um pouco essa jornada. Seus diversos significados e mensagens intrínsecas já são muito bem escritos e narrados visualmente.
O ato final é forte e controverso. Para mim, é o que faz o filme ficar realmente bom. Aberto a interpretações. Conseguimos inclusive chegar a um ótimo consenso quando lembramos de diálogos logo no início que nos mostram qual o caminho que o filme pretende seguir. Desespero e esperança. A coexistência desses dois sentimentos. E como isso define a vida em si (pelo menos daquele personagem). O filme se baseia nisso ao mostrar essa história triste de autoengano e canalização da dor e do trauma de maneira equivocada. Quando chegamos a essa epifania no final, tudo faz valer a pena. Inclusive os momentos de marasmo ao longo das quase duas horas.
Com algumas opções estéticas questionáveis, um roteiro que se arrasta em um ato levemente problemático e um silêncio que incomoda (hora para o bem, hora para o mal), First Reformed não me cativou tanto quanto deveria. Adoro filmes lentos e "parados". Mas as obras de Schrader sempre me parecem um pouco forçadas nesse quesito, exceto por Taxi Driver. Continuarei insistindo. Vai que, numa próxima vez.
Comments