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🇮🇱 Foxtrot (2017) 🌕🌕🌕🌕🌕

Foto do escritor: Bruno SantiagoBruno Santiago

Dirigido por Samuel Maoz


To querendo ver esse filme israelense há muito tempo. Sinto que perdi tempo não assistindo antes mas a espera valeu. Tudo junto. Um filme desses não pode ser deixado de lado, por ninguém!


Assim que se conta, de maneira visual concisa e inventiva, e se desconstrói uma história simples. A direção e a montagem são extremamente criativas. O roteiro pega algo que já vimos antes. Um estudo sobre os malefícios da guerra, luto e culpa. Só que inverte isso e entrega um roteiro redondinho de forma não linear. Parecem idéias conflitantes mas na prática é exatamente isso.


Dividido em três atos, Foxtrot consegue apresentar um problema em sua primeira parte, entrar com uma segunda questão paralela (ou não) na segunda parte, e unir ambas no ato final. No começo acompanhamos um casal que recebe a notícia de que o filho morreu em seu posto de guerra. O luto aqui é explorado com movimentos de câmera e planos interessantíssimos que muito conversam com o sentimento dos personagens. E de repente entra um plot twist que pega a gente de surpresa. Mesmo! Isso nos primeiros 20 minutos de filme. Corta para o outro lado da história onde passamos dias com Jonathan e quatro soldados, companheiros de posto, cuidando de uma guarita no meio de uma estrada. Um trabalho aparentemente simples. O marasmo é muito bem retratado, novamente, com uma direção hipnotizante. Depois voltamos para os pais, já no futuro e entendemos o que se deu, e como eles lidam com os acontecimentos anteriores, culminando em um desfecho de cair o queixo, pela simplicidade e desconstrução que ambos, roteiro e direção, atingem e se conectam.


Podemos até dizer que cada parte do filme é focada em um personagem. A primeira no pai e como ele lida com o luto. A segunda com o filho e como ele se entende nesse universo sem esperanças de guerra. E a terceira na mãe se redescobrindo após uma tragédia na família.


O diretor claramente tem total domínio da linguagem que quer desenvolver, linguagem essa riquíssima. Ele faz simplesmente de tudo com a câmera e a edição. Assim como sabe muito bem explorar os poucos cenários e locações do filme. Cada hora somos presenteados com imagens que ficam na cabeça, acredito eu, para sempre. Pelo menos uma cena do filme já tornou-se clássica, instantaneamente. Temos drama, suspense e comédia, sucessivamente, em perfeita harmonia. A relação de culpa dos pais na parte final do filme é conquistada com muita densidade ainda que nos entregue o momento mais divertido (talvez o único) de Foxtrot. As atuações são compenetradas e focadas, criando uma imersão naquele mundinho bastante certeira. Palmas para a atriz que faz a mãe do soldado.


Um filme íntimo, com um "visual storytelling" perfeito, uma câmera linda e inspirada e cheio de camadas a serem desvendadas aos poucos. Foxtrot é um acontecimento e uma pequena obra de arte, que chega avassaladoramente tímida e nos deixa sentados na poltrona até o final dos créditos somente para assimilar tamanha beleza e domínio cinematográfico. Sem palavras. Impossível não ser nota máxima.


Abaixo do trailer vai a tal cena, que já é linda fora de contexto, imagina dentro.




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