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🇺🇸 Green Book (2018) 🌕🌕

Foto do escritor: Bruno SantiagoBruno Santiago

Dirigido por Peter Farrelly


Peter Farrelly é mais conhecido por dividir a cadeira da direção com seu irmão com seus filmes estilo "sessão da tarde" de comédia pastelão. Eu, Eu Mesmo e Irene, Quem Vai Ficar Com Mary e Debi & Lóide são os maiores exemplos da dupla. Daí ele resolveu se aventurar numa comédia dramática que fala sobre racismo e fez Green Book.


Os pontos positivos é que algumas piadas funcionam sim e são engraçadas. Os atores estão muito bem, apesar de achar que Mahershala Ali não esta esse colosso todo que dizem por ai. Viggo Mortensen se entregou mais ao papel. Acho que os elogios podem parar por ai.


É um filme fraquíssimo. A começar pela direção que não faz absolutamente nada de novo e parece preguiçosa em alguns momentos. Esta ali simplesmente porque tem que estar senão o filme não acontece. O roteiro é bobo e cai em algumas contradições perigosas. Saíram notícias de que a história não foi bem assim e a família do personagem de Don Shirley reclamou bastante na mídia. Só aí já olhamos com maus olhos para essa história que tenta puxar sardinha pro lado do pai do roteirista (o personagem de Mortensen, Tony Lip).


Se desconsiderarmos isso, ainda temos problemas com algumas intenções de escancarar o racismo estrutural em uma fase complicada da história americana que acabam dando o tiro no próprio pé. Afinal de contas, quem é tido como protagonista aqui é o homem branco, e acompanhamos toda a sua jornada para se tornar uma pessoa melhor e salvar o dia no final. O negro esta ali só para ajudar nesse processo de transformação. Sendo que Tony é sempre o salvador da pátria e "apesar do racismo é uma ótima pessoa". Pode até ser (no filme como na vida real), mas não era o momento nem o lugar para reforçar isso. O negro tem vergonha do que é e precisa de uma espécie de "mentor", curiosamente um cara branco e preconceituoso para o ajudar. A suposta troca entre os dois e o fato do aprendizado nas duas mãos ficou bastante desigual, ainda mais na última cena do filme. Faltou sensibilidade do roteirista em se colocar, de fato, no lugar do outro. A empatia aconteceu só pela metade.


Vários momentos chaves onde o racismo é evidenciado são feitos de forma incômoda pois não temos sangue frio, é claro. Mas alguns estereótipos são reforçados ainda que a motivação fosse contrária. Um "plot twist" perto do final ajuda a tirar a força desse roteiro, que já é frágil, devido a sua obviedade com uma lição de moral bobinha que só. Fica como um pequeno exemplo da imaturidade da história em si. Em uma época onde vários filmes sobre o mesmo tema são lançados, tudo isso já foi feito, e dito, de um jeitinho melhor. Alguns inclusive disputam a vaga de "melhor filme do ano" no Oscar 2019, e que são muito mais eficientes (BlacKkKlansman, alguém?).


No fim das contas é filme que não tem nem muito o que falar depois. Algumas piadas são boas, outras nem tanto. O tema é importante e tomara que encoraje cada vez mais a produzirem esse tipo de filme. Mas ainda assim, foi pouco perto do que poderia ter sido, e possui toda uma mensagem um pouco dúbia quanto às verdadeiras intenções dos realizadores. Acredito que a combinação roteirista/diretor não foi das mais felizes. Poderia facilmente passar desapercebido se não fosse pelos dois grandes nomes no elenco que chamam atenção.


O sorriso no final é amarelo.



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