Dirigido por Elijah Bynum
Esse filme tinha tudo pra ser ótimo se não fosse o exagero do diretor e o roteiro super mal acabado. Timotheé Chalamet e algumas cenas visualmente bonitas salvam o filme do desastre completo.
É nítido que o diretor tem um bom domínio de técnica e estilo. Ele faz uso de uns movimentos de câmera bastante interessantes, ainda que não inovadores. A inspiração nos trabalhos do Edgar Wright (do mais recente Baby Driver) é notável. Existem várias cenas soltas no filme que são lindíssimas, tudo combinando a maneira como foram filmadas, a ótima trilha sonora e a edição freneticamente pop.
O problema é que são muitos momentos desses, o tempo todo, jogados na nossa cara. A montagem do roteiro é extremamente confusa e passa dos limites. Aquela coisa que matéria sobre substância talvez seja a melhora maneira de descrever esse filme. Cansa assistir um milhão de músicas antigas legais completamente picotadas só para entregar uma cena que tenta ser épica. Não se pode a cada 5 minutos tentar criar o clímax do filme. Isso acaba surtindo o efeito contrário e dispersa o público.
Por causa desse foco tão grande em como o filme vai ficar bonito visualmente, ele esquece por completo a história em si. Em um filme redondo e linear como esse, isso é um problema. Existe um buraco enorme na história que se pensarmos um pouquinho, invalida tudo que está acontecendo. Como raios os irmão não sabem da relação que o protagonista tem com os dois sendo que o filme tenta afirmar o tempo todo o quanto a cidade é pequena e todos se conhecem e sabem de tudo da vida do vizinho? E claro, os personagens, em sua maioria são zero aprofundados, o que gera um total desinteresse do expectador com as suas histórias e uma confusão mental sobre a própria identidade e personalidade dessas pessoas. O próprio protagonista em alguns momentos parece um menino tímido e socialmente sem jeito, para logo em seguida se mostrar sagaz e espertinho demais. Fica difícil sacar como ele opera de verdade. Algumas questões são deixadas de lado precocemente, outras são exploradas até não poder mais. Personagens que entram e saem sem mais nem menos. A direção parece muito ocupada no desenvolvimento de cenas específicas e não da história como um todo.
Hot Summer Nights é lindo esteticamente em alguns ótimos momentos, mas a história é completamente jogada dentro de uma exagerada fórmula visual estilizada. O peso na mão ficou em muitos pontos quando não deveria. Falta plot e sobra estilo. Não é sempre que A24 acerta pelo visto.
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