Dirigido por Barry Jenkins
Novo filme do diretor de Moonlight. As expectativas estavam super altas pra esse. O resultado final não foi à altura mas ainda assim é um filme de uma beleza incrível.
A fotografia é a coisa que mais chama atenção. Os planos de assinatura do diretor estão novamente presentes aqui. E super ajudam na imersão na história e na forma de descrever fatos e personagens. As cores também são lindas. Os contrastes fortes de tons de amarelo, verde, vermelho e azul com a pele negra são de cair o queixo. As opções de câmera lenta também não surpreendem quem já assistiu a Moonlight mas enchem os olhos do mesmo jeito.
O roteiro é super interessante e traz uma história de amor acima de tudo, baseada em um período (não que hoje esteja perfeito nesse quesito) de muito preconceito. Rola nesse filme aqueles momentos que sufocam a gente junto com tal personagem quando rola um olhar torto ou uma repressão policial racista. Esse ano muitos filmes estão trazendo esse tema e todos o fazendo muito bem. Por favor não parem!
O problema maior é que fica difícil entrarmos na história por uma excesso no romantismo que vemos, tanto na direção quanto nas atuações. Todas as falas e diálogos entre o casal principal são muito cordiais, muito poéticas, muito "melosas". Nunca somos sugados para aquele mundinho e aquela história de amor. Ficamos de meros espectadores. Em contraponto temos ótimas cenas mais soltas e cruas do embate das duas famílias, por exemplo ou a própria cena em que Regina King (maravilhosa), que faz a mãe da mocinha tem um momento de grande destaque, funciona brilhantemente.
A trilha sonora também encontra problemas. Um tema instrumental específico usado ao longo do filme é lindo e chega a arrepiar. Mas os outros parecem sempre te distanciar. Não que deveriam ter optado pelo óbvio e clichê, colocando musicas altas e orquestrais que induzem ao choro. Mas no filme que deu o Oscar para Barry Jenkins há dois anos atrás por exemplo, a trilha sonora te pega de jeito. Fica marcada.
Em termos gerais, era pra ser um filme para sairmos roxos de tanto chorar. E a gente tenta, a cada momento, se emocionar. Todos os elementos estão (ou deveriam estar) ali. Só falta a voracidade e a realidade que ele trouxe em Moonlight. A gente sabe que é uma história linda, e o filme é um desbunde visual. Mas paramos aí.
Um filme plástico demais, o que seria ótimo se tivesse mais vida. Saímos do cinema com gostinho de "queria ter sentido mais". O que não diminui todas a suas refinadíssimas qualidades técnicas.
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