Dirigido por Gabriela Amaral
Dos três filmes representantes do gênero que saíram no Festival do Rj de 2017, O Animal Cordial é sem dúvidas o melhor, disparado inclusive. Ganha de longe de As Boas Maneiras e Motorrad. Esse é um filme que se entende, sabe o que é, e o faz com muita voracidade. A direção é super inspirada em momentos chaves, nos brindando com umas cenas lindas mesmo (a cena de sexo é muito bonita/grotesca). O roteiro possui uma idéia excelente e criativa, ainda mais para o cinema nacional, onde não vemos tanto essa ousadia em filmes de gênero. Os atores estão, em sua grande maioria, bem e atuam de forma crível e natural, coisa que faltou em As Boas Maneiras (exceto pela Marjorie Estiano). A trilha sonora talvez seja o grande chamariz desse filme. Inspiradíssima e seguindo um movimento mundial baseado em sintetizadores e construindo um climão oitentista. No momento certo, pois já já vamos cansar dessa ode aos anos 80 em exaustão que vem acontecendo. Por enquanto estou amando! Os problemas são mais devido a falta de ousadia da direção, que poderia ter ido além e ter abraçado mais a loucura que a história propõe. E a diretora mostra que saberia fazer isso em diversas cenas. Faltou ânimo! Faltou gore! Faltou loucura dos personagens! Falto grito e baba voando! É o que esse filme pedia! O roteiro também, parece que não teve tantos tratamentos quanto deveria ter tido. Pensaram numa ótima idéia, escreveram, e resolveram fazer, sem revisar diversos pequenos momentos que poderiam ser muito mais lapidados e feitos com mais coerência. Coisas bobas, mas que fazem um filme perfeito, deixam a coisa meio truncada. Isso faz a nossa experiência de imersão mais complicada, pois sempre nos pegamos pensando “mas como esse personagem conseguiu isso?”, “esse cara não faria isso!”, “não faz sentido ela agir assim agora!”, “ele deixou isso acontecer tão fácil?”, entre outros momentinhos. O legal é que todo o resto é tão bom que a gente sempre consegue voltar ao eixo. Acho que a ousadia de fazer um filme desse tipo, no Brasil, por si só já merece respeito, assim como os outros dois filmes citados. Todos os três ganharam visibilidade maior do que uma galera anda fazendo com baixíssimo orçamento por ai (coisas igualmente boas). Talvez muito pelos atores que já possuem um certo status. O Animal Cordial é o que mais encontramos ótimos talentos. Ver essa gente abraçar o cinema fantástico e a tentativa de conquista de espaço, é bom demais. Ainda mais com um filme que preza muito pela qualidade, como esse. Só deveriam ter feito talvez com menos pressa e bolado tudinho de forma mais meticulosa. Um filme desses, com as arestas aparadas, seria lindo de viver! Uma pena que agora, depois de duas semanas em cartaz, só está passando em apenas uma sala de cinema, em todo o Rio de Janeiro.
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