Dirigido por Diego Freitas
O Segredo de Davi é um dos ótimos exemplos de filmes de gênero que o Brasil vem produzindo recentemente.
Diego Freitas arrasa na direção em sua estreia em longas. Com um olhar super criativo e original e uma mão leve na condução desse mistério, o diretor consegue passar muito bem o clima da proposta. É um filme sobre um serial killer desabrochando e todas as suas motivações e anseios. O filme muda de passado e presente com muita fluidez e muito estilo. A fotografia lindíssima ajuda muito. De deixar muito filme estrangeiro no chinelo. Quando chegamos no ato final temos umas imagens surreais incríveis que muito lembram uma certo cinema de David Lynch. Os efeitos especiais também convencem perfeitamente e estão a favor da história, coisa rara quando um filme do tipo cai nas mãos de um diretor estreante, louco pra mostrar serviço. Palmas de pé para toda essa produção.
Nicolas Prattes pega todo mundo de surpresa com uma atuação inspiradissima e hipnotizante em alguns momentos. Um psicopata atraente que faz a gente se sentir culpado por estarmos atraídos por uma pessoa assim. Quase todo o elenco de apoio faz o serviço muito bem. Apenas um personagem central que realmente não convence e chega a incomodar em cenas chaves para a história.
O roteiro, e toda a montagem, bebem de muitas referências mas ainda assim conseguem manter seu brilho próprio e definitivamente deixa o expectador intrigado. É fácil e prazeroso entrar no mundinho de Davi e tentar desconstruí-lo. A reviravolta final é algo que te faz pensar e não entrega tudo de mãos beijadas, o que é ótimo. Não ficam muito claras algumas regras que o filme estabelece no final sobre o que pode e o que não pode, o que é realmente o que vimos e o que não é. Esse é o charme de O Segredo de Davi, sem duvidas, mas fica um pouco confuso quando fazemos uma retrospectiva da história baseado no que nos dão no final. Um grande acerto também é a opção de alguns detalhes sobre Davi serem apenas ditos em breves diálogos, deixando o resto para a imaginação do público. Sempre bom quando não nos tratam como burros.
Ainda que tenha esses pequenos problemas (que filme não tem?), esse é um filme que merece ser visto no cinema a fim de incentivar cada vez mais produções ousadas como essa, que se arriscam e vão fora da casinha que é o cinema nacional.
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