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🇲🇽 Roma (2018) 🌕🌕🌕🌕🌕

Foto do escritor: Bruno SantiagoBruno Santiago

Dirigido por Alfonso Cuarón


Esse filme é perfeito. Não consigo dizer o contrário, mesmo que não tenha me colocado 100% investido. Mas é tão impecavelmente sincero que fica difícil não encher os olhos com Roma.


Alfonso Cuarón mais uma vez acertou em cheio ao criar uma experiência sensorial. Dessa vez de forma muito mais íntima, se comparado com Gravidade, por exemplo. É um filme quieto, silencioso, assim como sua protagonista. Uma mulher retraída que simplesmente vive a vida de acordo com o que é jogado para ela.


Passando pela diferença de classes o filme trata principalmente sobre feminismo. Mostra a luta de duas mulheres abandonadas, cada uma na sua realidade. O foco é na empregada doméstica mas temos vários momentos tocantes e sensíveis que mostram a patroa e a sua tentativa de lidar com o início do divórcio. Acontecem muitos paralelos entre esse plot e o da protagonista, que é largada pelo parceiro após ficar grávida. Sem perspectivas ela tenta lidar com muito otimismo mas sempre com sentimentos retraídos de angústia. É triste demais acompanhar a jornada dessa mulher sem nenhuma noção do que fazer a seguir. Mas nunca perdemos a esperança quando vemos a relação tão afetiva e atenciosa que ela possui com as crianças da casa em que trabalha. As duas atrizes merecem muito reconhecimento. O final chega de forma avassaladora, com pelo menos 3 cenas, quase seguidas, de pura agonia e catarse emotiva. É realmente lindo e impactante.


O olhar pessoal que Cuarón consegue transmitir nesse filme só nos faz crer que de fato é uma autobiografia focada na observação de outra pessoa próxima a ele. Quase uma homenagem a essa mulher. Parece que a família que acompanhamos por 2h14 de filme contratou um cinegrafista para documentar sua vida, de tão rico em detalhes e nuances. É como um segredo compartilhado com muita educação e sinceridade. Essa riqueza de produção se dá, não só pela história em si, como por todos os cenários e enquadramentos. Palmas para a direção de arte. Nos sentimos aconchegados tamanha as camadas de objetos espalhados pela casa de forma crível. Parece uma casa de verdade, sem plasticidades ou uma "palheta de cores" (ainda que preto e branco).


A fotografia é algo a se notar. O preto e branco reforça bastante a idéia de uma retrato da memória. Os movimentos de câmera são inacreditáveis de tanto estilo. Ele substitui seus famosos planos sequências intensos por tracking shots incrivelmente suaves. Muitas vezes em 360º. Isso dá uma maior noção do espaço e aumenta representativamente a nossa imersão naqueles ambientes. Cada imagem é uma pintura diferente. Dá vontade de imprimir e colocar vários quadros espalhados pela casa. Sem dúvida que era um filme para se ver no cinema, na telona. Esses são os malefícios que o serviço de streaming possui.


Roma é um acontecimento cinematográfico. Uma obra de arte. Um filme que não recomendo para todos, mas para os que tem uma paciência contemplativa um pouco maior e querer se deleitar com uma combinação de perfeita técnica (imagem, som e arte) com uma história simples, relevante e emocionante.


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2 Comments


Bruno Santiago
Bruno Santiago
Jan 27, 2019

Hahahaha! Eu juro que não achei! Mas entendo quem ache Hehe!

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Gabriel Carvalho
Gabriel Carvalho
Jan 27, 2019

Demorou mas assisti! Uma obra de arte mesmo. A fotografia é incrível. Os movimentos da câmera em 360 são geniais e nos colocam literalmente dentro do filme. A atuação da Yalitza é um show de tão real. Maravilhoso mesmo. Minha única crítica é que a primeira parte do filme é mtooooooo lenta (e olha que eu tenho paciência rs). É quase desinteressante se não fosse o espetáculo visual. Daria 4,5 por causa disso

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