Dirigido por Camille Vidal-Naquet
Esse foi o meu preferido do festival até o momento. Difícil apontar alguma falha no filme. Muito bem realizado para o que se propôs. É um filme sujo, quase visceral. Da vontade de tomar um banho depois.
Além disso, não é um filme pra qualquer um. É impactante e forte demais. As cenas são bastante intensas. Basicamente acompanhamos a vida de um jovem que mora nas ruas e faz programas. Vamos acompanhando sua jornada pessoal e de todos os casos de clientes, os mais variados possíveis, que ele encontra. O filme tem a proposta de câmera na mão e zoom documental. Coisa que tenho visto bastante ultimamente. Não deixa de ser uma assinatura. Combina com o filme nesse caso. Poderia facilmente ser um documentário. O legal é que o personagem principal está sempre sujo, com aspecto de acabado, e estamos sempre vendo o porque disso. É um filme muito sinestésico onde a gente pode até sentir seu mau cheiro só de vê-lo em cena.
Além de toda a desgraça que acontece, temos breves momentos tocantes. Mas não pra te fazer chorar. É muito difícil se relacionar com o protagonista. É uma realidade muito distante. Somos meros espectadores. Aproximação com ele só acontece em uma cena rápida, que não diz muito. Aliás, não espere entender o background dele. Em determinado momento uma médica pergunta para o personagem sobre seus pais. Ele não diz uma palavra e segura o choro. É isso. Só temos esse silêncio, que diz muita coisa. E o mais genial é o final, a última cena, um take só, que “explica” tudo que aconteceu e principalmente o título do filme. Da vontade de levantar e aplaudir.
Esse infelizmente não tem previsão de estreia aqui no Brasil e acho até que possa não estrear. Mas recomendaria mesmo assim para quem aguenta coisas mais gráficas, em termos de nudez, sexo e degradação humana. um filme tão masculino e surpreendentemente dirigido por uma mulher.
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