Dirigido por Hirokazu Koreeda
Representante do Japão na corrida do Oscar do ano que vem conquistou o primeiro lugar dos filmes que eu vi até agora no Festival do RJ.
Que eu amo cinema oriental todo mundo já sabe. Mas esse filme supera qualquer expectativa. Emocionante e impactante de sobra. Sensível do jeito que só a galera do oriente sabe ser. O filme sabe exatamente o que explorar e como o fazer. Ele pega as menores coisas da vida, simples gestos, ações e reações, olhares e falas corriqueiras e transforma em arte. Koreeda consegue extrair toda a beleza de atitudes cotidianas entre os personagens dessa família disfuncional.
A gente acompanha o desenrolar na vida de uma família pobre que vive de pequenos furtos quando eles acham uma menina de 5 anos de idade e a levam para morar com eles. A partir daí vemos como ela se encaixa nessa família e também qual o papel de cada um naquela realidade.
Todos os personagens são interessantíssimos e cheios de camadas. Os destaques mesmo são a "avó", "sincerona" demais e com cicatrizes de uma vida não muito feliz, mas que nunca fica escancarado. Pouco é dito mas é tudo muito claro. A "mãe" que a princípio parece durona e desligada de qualquer tipo de carisma e se mostra uma pessoa cheia de amor e carinho para com seus filhos, mesmo que não saiba como o fazer. Atentem para duas cenas em que ela dá um Show, com letra maiúscula, com pouquíssimas palavras. Eu nunca vi uma atuação tão real e sincera quanto a dessa mulher. Dá vontade de chorar alto junto com ela, diferente do seu choro silencioso. Oscar por favor! E o "filho", que além de ser a coisa mais linda (só perde para a menininha) é extremamente carismático e o que apresenta o melhor senso de auto crítica e civilidade da família. É ponto fora da curva. E também um excelente ator mirim.
Na última parte do filme rola um twist que bota tudo de cabeça pra baixo, e o filme que até então era quase um "feel good movie" se torna um drama carregado e que não consegue fazer menos do que te arrancar lágrimas a cada segundo. Pode parecer irreal mas tudo faz sentido naquele momento e sentimos o peso das escolhas e da dualidade que aquelas pessoas tomaram para si, seja proposital ou não. São pessoas à margem da sociedade que tentam a todo custo exercer suas naturezas carinhosas, apesar de tudo. A mensagem é linda. Não posso comentar mais sem dar spoilers. As cenas finais são de cortar o coração de qualquer pessoa que tenha sangue correndo nas veias.
Um filme desses não pode passar desapercebido. É lindo D E M A I S. Sai nos cinemas em janeiro no Brasil, por favor, ASSISTAM. Dá um banho no que Hollywood faz com filmes familiares dramáticos. Acabem com o preconceito com línguas incompreensíveis e abram-se pro mundo e para novas formas de contar histórias. O oriente sabe fazer isso muito bem e Shoplifters é a prova viva disso.
Apaixonado por esse filme.
PS: E esse cartaz maravilhoso?
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