Dirigido por David Lynch
QUE. FILME. LINDO. Chocado até agora. David Lynch destrói tudo no seu segundo longa! Pra começo de conversa, esse elenco está inspiradíssimos. John Hurt como o “homem elefante” e Anthony Hopkins como Dr. Treves conseguem entregar atuações contidas porém dramáticas ao mesmo tempo. Um tipo de interpretação bem clássica. Aliás, Lynch conseguiu criar essa atmosfera dos anos 40 da forma perfeita. Se não fosse pelo Hopkins eu diria que o filme é de fato de 1940, e não de 1977. A opção de ser preto e branco só ajuda nessa recriação, trazendo também o ar soturno, denso e dramático que a própria história possui. O filme possui umas sequências que são lindas de viver. Cada uma delas trabalhando um elemento específico. O momento em que o Homem Elefante é importunado em seu quarto por diversas pessoas bêbadas, explorando sua aparência de forma depreciativa, conforme a música que remete ao circo de qual fazia parte, toca, é algo que arrepia (da pior maneira possível). Assim como quando ele foge de uma multidão pela estação de trem e acaba encurralado em um banheiro público sujo! Uau, apenas. Até outros momentos em que apenas o diálogo entre os dois protagonistas emociona a alma! Perdi a conta de quantas vezes chorei nesse filme. E o final, ah o final… É duro acreditar que essa história é verídica e aceitar que o ser humano tem sim esse lado sombrio, e que mesmo hoje essa realidade não seria muito diferente. O que leva a outro ponto dessa obra: a maneira como Lynch conduz o público nessa aula de empatia. Começamos junto com o público, chocado com a aparência impressionante de John Merrick, e aos poucos vamos entendendo seu lado humano, assim como todos ao seu redor, chegando no final do filme querendo que ele fosse nosso amigo mais íntimo. Uma conquista desse cineasta que é sem duvida um dos meus preferidos. E sua assinatura surrealista, apesar de mais tímida aqui, também está presente. Enfim, um filme que toca o coração, faz a gente refletir um pouco sobre todas as nossas ações e como nos portamos uns com os outros e rola um mini aprendizado sobre humanidade. Lindo, lindo, lindo. Assistam assim que puder!
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