Dirigido por Björn Runge
The Wife é um filme feminista que aborda o tema através do machismo, e não do feminismo em si. Sábia escolha.
O filme é a Glenn Close, não temos como pensar diferente. Jonathan Pryce arrasa como o o marido (um homem asqueroso) mas é ela, a esposa, que conquista toda a nossa atenção. Uma mulher retraída, tímida, reservada e contida. Ela diz tudo com os seus olhares perdidos e sorrisos amarelos. A atriz caminha entre as poucas palavras e o desconforto sem esforço algum. É tudo muito natural. E através de seu silêncio é que pescamos toda a dor e a frustração que ela carrega consigo, desde sempre, como mostram os flashbacks. A construção da personagem é muito segura. Uma pena a atriz que a interpreta nos flashbacks (curiosamente é a filha de Close na vida real) não seja tão boa. Algumas cenas nos causam vergonha com uma atuação de teatro colegial.
Aliás, os flashbacks extremamente expositivos e didáticos tornam o filme super burocrático e até mesmo chato. O que nos motiva sempre é que em poucos minutos vamos voltar a ver a performance monstruosa de Glenn Close. A história é ótima, mas o roteiro possui muitas falhas narrativas. Muitos diálogos que estão sobrando ali, só para nos fazer entender o que poderia ter sido sugerido. Jogar na nossa cara informações mastigadas nunca é a melhor opção. O personagem do Christian Slater só serve para levar a história adiante. Nunca sentimos que ele poderia ser uma pessoa de verdade. É uma homem inventado a fim de explicar ao público tudo que está acontecendo. Mas antes o tivessem mantido e eliminado os flashbacks. É redundante. Ele diz algo, e depois vemos esse algo acontecendo. Sem contar o fato de que a "grande revelação" é facilmente deduzida, muito antes do clímax.
A direção é fraca, mostrando uma imaturidade em pequenos detalhes. Algumas cenas são muito ensaiadas. As vezes os personagens, em um diálogo qualquer, estão posicionados de forma que a câmera consiga pegar seus rostos perfeitamente. Parece novela onde a "quarta parede" não pode aparecer pois é onde se encontram as câmeras. Isso é péssimo em um longa e só tira qualquer resquício de veracidade da cena.
A Esposa é um filme que parece filme para TV, com situações forçadas e o uso de recursos batidos, que em nada somam para o produto final. Mas nos brinda com uma atuação nível master de Glenn Close e emociona pela história forte e uma mensagem que diz muito em 2019. Se você não se sente minimamente incomodado com as cenas onde o marido a coloca no posição de esposa, apenas, tá na hora de você rever os seus valores. Um filme de atriz, no feminino sim, ainda bem.
Commentaires