Dirigido por Steve McQueen
É uma direção muito autoconsciente do Steve McQueen. Ele sabe pra onde quer nos levar e que tipo de filme quer fazer. Temos um desenvolvimento de personagens aqui muito completo. Viola Davis, além de dar um showzinho como sempre, constrói uma personagem bastante intensa. As outras mulheres também tem profundidade e objetivos muito bem definidos. Só por causa disso que a parte do roubo em si, muito simples e rápido, funciona no que diz respeito a tensão causada. A gente tá com elas, nos importamos e queremos que tudo certo. Quem roubou a cena e deu um show, particularmente, foi Daniel Kaluuya. Fiquem de olho nesse homem, porque ele definitivamente sabe o que está fazendo, e o faz MUITO bem. Aqui ele nos mostra um psicopata “perfeito”, por mais estranho que isso soe.
Os comentários sociais são tão presentes e atuais, e o mais curioso que, no mundo todo. Esse filme facilmente poderia ser brasileiro, por exemplo. Corrupção, desigualdade e racismo. Tá tudo ali e tá tudo aqui também. A maneira como ele mostra isso mostra muita assertividade de McQueen. Algumas cenas simples de diálogo ele opta por planos sequência. Essa economia de planos traz além de um clima maior e uma estética mais apurada, em determinado momento, é usada em favor da história. Um carro saindo de uma área pobre e entrando numa área rica, onde não vemos os personagens dentro do automóvel conversando, só os ouvimos. O foco ali é mostrar o contraste da desigualdade da região enquanto o diálogo vai de encontro com isso, babando o racismo escancaradamente velado.
Como ponto negativo somente o fato do filme, apesar de tudo isso, ser levemente encomendado e polido demais para ser um heist movie hollywoodiano. E claro, Carrie Coon desperdiçada por completo. Triste.
Filmão que abriu bem o Festival do RJ esse ano!
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